No
universo de empresários de Mato Grosso, 29% são do sexo feminino. Muitas buscam
apoio no Sebrae.
Rita Comini / Agência Sebrae de
Notícias (ASN)
8/3/2017
Mesmo com uma série de dificuldades
ainda impostas, muitas mulheres não se furtam a enveredar pelo mundo dos
negócios e se firmar como empreendedoras e empresárias. Em Mato Grosso, elas
representam 29% do total do universo de empresários. Um percentual bem próximo
do que acontece mundialmente – cerca de 30% de todos os negócios privados do
mundo são operados ou têm como idealizador uma mulher.
No Brasil,
43% dos donos de empresas são do sexo feminino, contra uma participação de 57%
do sexo masculino. Do total de empresas ativas no país, 30% delas tem mulheres
como sócias. Quanto ao porte, 59% das empreendedoras brasileiras estão na
classificação de pequenas e médias empresas e 11% são sócias de grandes
empresas. Do total das mulheres empreendedoras no Brasil, 73% são sócias de
pequenas e médias empresas, mas se levarmos em consideração as empresas no
formato MEI – Micro Empreendedor Individual, esse percentual sobe para 98,5%.
A empresária
Maria das Dores Custódio, 48 anos, proprietária da Disk Lavanderia, em Várzea
Grande, destaca que tradicionalmente a humanidade é machista. No mercado há 20
anos, ela reconhece que sua empresa, por ser administrada por uma mulher, tem
menos credibilidade do que outras geridas por homens. “Quando entro numa
disputa por algum cliente, muitas vezes acabo preterida por ser mulher”, conta.
Por outro, lado, diz que tem muita gente querendo mudar tudo isso. “O que me ajudou
bastante e me deu muita autoconfiança e credibilidade no mercado foi ter
buscado o Sebrae, isso em 2006. Me tornei uma empresária mais segura. O
microempresário tem que correr atrás. A busca por melhorias tem que ser
constante”, enfatiza. Ela lembra que nos anos que precederam a Copa do Mundo de
Futebol, orientada pelo Sebrae, começou a se preparar quatro anos antes do
evento. “Me preparei, investi, ganhei dinheiro e ampliei meu posicionamento no
mercado”, revela, satisfeita por adotar esse tipo de estratégia e nunca
esmorecer.
No quadro
atual de 20 funcionários, 10 são mulheres. “Sempre tivemos mais mulheres do que
homens, até porque elas são mais zelosas, mais cuidadosas, detalhistas, mais
ágeis, porém, hoje, temos uma parte maior da operação que exige força física e
por isso foi preciso aumentar o percentual de homens no quadro de
funcionários”, ressalta.
Força física
não foi empecilho para a professora aposentada Lucileika Davi, 66 anos, moldar
até seis quilos de barro no torno para fazer peças de cerâmica como cubas para
lavatório. “É um trabalho que exige muita força física, o torno é tido como
algo muito masculino, mas eu adoro o que faço”, confessa, acrescentando que
muitas mulheres não querem mexer com o barro para não sujar as mãos, não quebrar
as unhas. “Muitas vezes, não encontro pessoas para me ajudar, é muito difícil
encontrar mão-de-obra”.
No mercado,
ela também encontra barreiras. “As pessoas só dão valor ao trabalho quando veem
as peças”. Hoje, ela comercializa seus produtos em pontos como a Casa do
Artesão, em Cuiabá, e atende encomendas de vários restaurantes para compor o
enxoval de louças. Ela faz pratos, bolws, xícaras, pires, bules, travessas e
muitas outras peças utilitárias personalizadas. Além das formas, as cores das
peças também são únicas. Lucileika faz suas próprias tintas a partir de
elementos naturais do Cerrado, como a taboca, cinzas de folha de pequi e muito
mais.
Ela
reconhece que pelo fato de ser mulher imprime uma característica própria a suas
peças. “Coloco toda uma sensibilidade, uma delicadeza nas peças”, avalia.
“Comecei
esse trabalho há muitos anos com orientação do Sebrae num projeto de
desenvolvimento do artesanato em Barra do Garças, onde moro. Foram várias
consultorias e uma delas consistia em apresentar os produtos em lojas de
Cuiabá. A partir daí não parei mais. Fiz cursos técnicos, me formalizei,
investi em equipamentos e estou sempre me aprimorando”, conta orgulhosa.
Em 2013, ela
foi selecionada pelo Programa de Artesanato Brasileiro, do Governo Federal,
para uma exposição na ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova Iorque, com
mais 15 mulheres de todo o Brasil. “Foi uma experiência incrível e que marcou
minha vida e meu trabalho”.
O Sebrae
Mato Grosso segue o protocolo da ONU – definidos nos objetivos do milênio, no
que diz respeito à busca de igualdade de gênero, pautando todo o trabalho da
sustentabilidade, na prática.
Entre os
funcionários, 50% são homens e 50% mulheres, com igualdade nas oportunidades de
capacitação, ascensão na carreira, remuneração, liderança, expressão e decisão.
E isso passa então ser um dos indicadores no Relatório Internacional de
Sustentabilidade, GRI, o qual buscamos aperfeiçoar a cada ano.
“O Sebrae
Mato Grosso tem como premissa a ambiência que favorece o envolvimento e o
desenvolvimento da mulher profissional e isso pauta também todo nosso
posicionamento estratégico de mercado. Ao adotarmos a sustentabilidade como um
dos nossos pilares, temos nossas diretrizes e ações focadas nesta causa, que é
a busca da igualdade de direitos plenos da mulher na sociedade, por meio
dos pequenos negócios”, explicita Marta Torezam, gerente de Marketing,
Comunicação e Eventos do Sebrae MT.
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