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sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Mães e filhos juntos nos negócios



“Para mim é uma honra trabalhar com minha mãe e minha irmã e crescer profissionalmente com elas”. Com essa frase a administradora de empresa Marina Cândia Figueiredo, 26 anos, define o trabalho na empresa da mãe Suzana e da irmã Isabelle na indústria de confecção e loja multimarca Tugore, com sede em Cuiabá. Como elas, muitas outras mães e filhos dividem a administração de empresas dos mais variados tipos, setores e tamanhos.
Na avaliação da consultora Eliane Chaves, Gerente de Competitividade do Sebrae MT, o desafio dessas empresas é a profissionalização. “É preciso separar as questões empresariais das pessoais e do ponto de vista de gestão ter a definição exata dos papeis”. Segundo Eliane, os conflitos e choques de gerações são comuns. “Os mais velhos carregam o legado do passado, enquanto os jovens apostam em inovações, tecnologias e normalmente são mais ousados”, aponta, acrescentando que os conflitos precisam ser encarados de frente. “Questões de ordem emocional precisam ser trabalhadas de modo racional”, vaticina.
“Um bom modelo de gestão pressupõe um bom planejamento estratégico, papéis bem definidos e um bom sistema de avaliação de resultados”, resume.
Talvez isso explique a satisfação de Marina ao trabalhar em família. Ela cuida da administração, a irmã do financeiro e a mãe da produção. “Cada uma atua na sua área. É claro que damos palpite no trabalho uma da outra, mas nos entendemos bem”, relata. Segundo Marina, o mais positivo do trabalho em família é a convivência, enquanto o excesso de intimidade é apontado como o ponto negativo. Ela garante que na relação delas, o conflito não desgasta, ele incentiva.
A mãe, a empresaria Suzana Cândia, revela que o assunto não acaba nunca.  “Tenho o know-how de fábrica, porque trabalho com confecção desde muito cedo, na BLM (refere-se à empresa aberta com o irmão Sérgio Antunes) e minhas filhas dominam a parte tecnológica. Mesmo sendo duas gerações, o assunto não nos separa, nos une e há muito respeito entre nós”, ressalta.
Isso é também o que norteia a relação familiar e empresarial de Dina, Karla e Juscelino Araújo, mãe e filhos que dividem o gerenciamento da Criartt Design, uma loja de presentes, artigos decorativos, móveis e muito mais. A matriarca Dina já está acostumada a trabalhar em família. Primeiro com o marido Carlos Araújo na Criartt Paineis e agora com os filhos na loja, aberta em 2012. “Quando a gente trabalha com familiares, ficamos mais compreensivos. Sei quando o dia foi cansativo, estressante e procuro amenizar as coisas”.
Ela também reconhece a importância de definir papéis na empresa, embora não consiga fazer isso de maneira efetiva, uma vez que a filha Karla ainda estuda - cursa o último semestre de arquitetura. Mesmo assim, a filha integra a equipe de vendas, a mãe fica mais focada nas consultorias a clientes, e o filho, formado em marketing, cuida das mídias sociais e do layout da loja, além de trabalhar também na empresa do pai.
Dina conta que sempre quis deixar um negócio para cada filho. Mesmo sem jamais ter feito um curso de decoração, se animou em abrir a loja quando a filha começou a fazer faculdade. Karla começou a trabalhar na empresa do pai aos 16 anos. Hoje, aos 21, está prestes a se formar e a assumir integralmente seu papel no empreendimento da família. Traz na bagagem o estágio num escritório de arquitetura e dois meses de trabalho na Casa Cor. Ao comparar os trabalhos fora e na empresa da família, diz que em “casa” tem mais oportunidades de acertar, pode conversar, tirar dúvidas.
Segundo ela, nos primeiros seis meses de loja, os conflitos foram muitos, mas hoje está tudo mais tranquilo. “Toda segunda-feira, nos reunimos para rezar e depois conversamos sobre os problemas. Gosto muito de trabalhar com minha família e quero tocar o negócio para frente”.
Seu irmão Juscelino, 25 anos, ressalta que sente mais segurança e confiança. “Tudo que é falado é para o bem e o amor prevalece”, constata, acrescentando que, por outro lado, como há mais proteção, o processo de amadurecimento é mais lento, porém, menos sofrido. “Muitas vezes somos privados de tentar, mas é só caindo que você aprende, as dificuldades ajudam a amadurecer”, avalia. Há dois meses, ele abriu uma nova empresa, a Gaia Box, e-commerce de produtos naturais.
Dina destaca ainda que neste momento de instabilidade em que vivemos, ser mãe e filhos facilita a gestão da empresa. “Me preocupo muito com as contas a pagar. Essa crise veio para ajudar o brasileiro a se organizar, planejar, vamos sair muito mais fortalecidos”, garante com a experiência de mãe e de quem já está no mercado há algumas décadas.
https://www.mt.sebrae.com.br/conteudo-digital/99/maes-e-filhos-juntos-nos-negocios

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